domingo, 20 de novembro de 2011

Impactos do Envelhecimento Populacional sobre o Território

Neilson S. Meneses
Sabe-se que a população está vinculada a um espaço em que vive e desse modo são perfeitamente observáveis os efeitos das transformações demográficas sobre o território, seja através da pressão demográfica sobre o território (superpopulação), seja pela escassez de população (o déficit populacional) ou já seja pelos deslocamentos de população (as migrações) que ocasionam varias conseqüências territoriais, já que a população é ao mesmo tempo um recurso e um sujeito na gestão do território. Desde um ponto de vista geográfico, vale salientar que a Geografia considera população com relação ao território. Como diz FAUS (2002) “A Geografia tem se definido tradicionalmente como uma disciplina de síntese, não porque seja um resumo de fatos, senão porque tem sempre em conta as inter-relações entre os fatos. Por isso, os sistemas de interesse geográfico, como a população, por exemplo, são inseparáveis do território”.
Entre as principais mudanças recentes no sistema demográfico em vários países do mundo, seja desenvolvido, seja do mundo em desenvolvimento esta o envelhecimento populacional, explicado pela grande maioria de autores em relação ao modelo de transição demográfica. Este processo tem gerado enormes conseqüências em diferentes aspectos como econômico, social, cultural e também territorial entre outros.

Neste contexto, convém analisar os impactos das transformações do sistema demográfico, particularmente do envelhecimento populacional, tendo em vista uma adequada organização do território ou como poderia ser também ao planejamento territorial.
Entre os principais impactos do envelhecimento da população sobre o território estão o desequilíbrio do sistema demo-territorial e a conservação do meio ambiente. Uma das características mais significativa da dinâmica do envelhecimento populacional é o aumento da população inativa. Posteriormente ocorre a escassez de população, á medida que a população não se renova. As baixas taxas de fecundidade e a migração de saída, o que caracteriza repulsão populacional, associada à ausência de migração de retorno, impedem a renovação da população provocando um crescimento negativo e podem

provocar a falência do sistema demográfico, uma pirâmide ao inverso é insustentável. A redução populacional nas áreas envelhecidas é fenômeno que ajuda explicar diferentes arranjos espaciais como o despovoamento progressivo de algumas zonas, o aparecimento de vazios populacionais dentro de um determinado sistema territorial e a dinâmica migratória da área.  Tudo isto acaba impedindo um desenvolvimento equilibrado das regiões e a própria organização física do espaço.
O déficit populacional pode provocar desequilíbrios territoriais do tipo vertical ou horizontal. Vertical no sentido do uso, gestão e proteção do uso do solo que afetam o ecossistema e horizontal no estabelecimento de relações demográficas e sócio-econômicas desiguais entre parcelas do território, ou entre, por exemplo, campo-cidade. Tudo isto pode resultar em uma desvertebraçao do território, já que o equilíbrio demográfico, sócio-econômico e territorial é importante para o desenvolvimento sustentável.  
A gestão do território e o desenvolvimento sócio-econômico e sustentado implicam na necessidade de um mínimo de população, sem o qual é difícil encarar o futuro. Uma sociedade envelhecida resulta em geral em certa gerontocracia, em uma desestruturação social, em uma queda nas taxas de produtivide e em taxas de crescimento econômico mais baixas, o que suscita dúvidas em termos da sustentabilidade do desenvolvimento.
O aumento do número de idosos e as dificuldades funcionais para se manter ativo, contribuem também para dificultar, a uma população envelhecida, o cuidado com o meio ambiente, o que em tese desemboca em uma deterioração do patrimônio cultural e natural. Em realidade, o progressivo envelhecimento populacional de determinados territórios acaba dificultando o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção ao meio ambiente, entre outras coisas, na medida em que promove um desequilibrio na utilização dos recursos do território, sejam humanos, econômicos ou naturais.
 Pode-se perceber que a interação entre a dinâmica demográfica e os objetos naturais é fruto dessa co-interação entre população, sociedade e a natureza e que as transformações demográficas afetam a constituição das condições ambientais dos lugares. Desse modo o envelhecimento populacional, pode ser visto como um fator importante no processo de constituição das diferenciações entre os lugares e das suas condições ambientais, ainda que essas condições também dependam de uma série de caracteristicas relacionadas ao tipo de sociedade envolvida na produção do espaço e do lugar.
O despovoamento de parcelas do território e o aparecimento de vazios populacionais no interior de determinados sistemas territoriais, embora não seja exclusivamente resultado do envelhecimento populacional e sim muito mais do processo de redistribuição da população, é agravado fortemente por este processo. Desse modo, não cabe dúvidas sobre importância de se incluir entre os demais fatores de analise, os impactos que promove o progressivo envelhecimento populacional sobre sobre o território, tendo em vista, sobretudo politicas públicas de planejamento territorial. 
Ademas, tendo em conta as mudanças na realidade demográfica do país e do estado que incluem, transformações relativas à crescente concentração urbana, fluxos migratórios e envelhecimento populacional veloz e intenso é de esperar que seja crescentemente confrontada no futuro com novos desafios com forte impacto territorial. A evolução demográfica em curso deve supor um impacto territorial considerável, como, por exemplo, o despovoamento de certas zonas concomitante a uma concentração urbana ou uma ralentização do desenvolvimento economico.

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