segunda-feira, 28 de julho de 2014

PIB pode sofrer por políticas que não consideram mudança populacional


26 julho , 2014
Monitor Mercantil
As atuais políticas públicas brasileiras desconsideram os efeitos que mudanças na dinâmica populacional podem ter sobre a economia, de acordo com Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas.

Para Barbosa, a transição demográfica exige mudanças no sistema previdenciário, que no modelo atual equivale a uma “equação que não fechará” nos próximos anos.

“À medida que a população envelhece e vive mais anos, a expansão do montante de benefícios pagos aumentará a necessidade de coleta sobre um grupo de trabalhadores que cresce menos. Ou seja, o atual sistema necessitará de ajustes para esse fenômeno”, afirma, em nota.



O pesquisador destaca que a demografia afeta também outras decisões de políticas públicas, como saúde e educação. Para ele, a decisão de destinar o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para educação na próxima década é um erro.

“Essa escolha não parece levar em conta a questão das atuais mudanças na dinâmica populacional. Vamos mais do que dobrar, em termos reais, os recursos alocados em educação para um contingente muito menor de alunos no futuro. Para piorar os trabalhos empíricos indicam que não existe relação entre o gasto por aluno e o seu desempenho”, explica.

O envelhecimento da população gera ainda mais preocupação do ponto de vista da saúde, na opinião de Barbosa Filho. “Devemos nos preocupar mais com a saúde do que com a educação, pois seus custos devem aumentar nas próximas décadas. A população com idade superior a 64 anos sairá de 62 milhões em 2013 para 77 milhões em 2050. Teremos mais pessoas idosas, o que deve elevar os gastos públicos com saúde. Logo, temos que pensar em alguma fonte de recursos para a expansão forte de gastos”, afirma.

Neste cenário prospectivo, o economista avalia que o crescimento econômico do país também pode ser afetado por essa transição demográfica, uma vez que a fatia da população que contribui para o PIB diminuirá nos próximos anos.

“O menor crescimento do fator trabalho fará com que o aumento do pessoal ocupado contribua menos para o crescimento do PIB. Logo, salvo forte expansão dos investimentos ou da produtividade, o país crescerá a taxas mais baixas no futuro”, avalia Barbosa.

Para o economista, analisar a população em longo prazo para traçar estratégias de políticas públicas mais coerentes é a solução. “Devemos cobrar um planejamento de longo prazo em nossas políticas públicas que leve em consideração os impactos demográficos sobre as nossas escolhas. Caso contrário, algumas decisões que pareçam corretas no curto prazo irão nos assombrar no futuro. Os 10% para a educação serão uma delas”, explica.

Fonte: http://www.ufjf.br/ladem/2014/07/26/pib-pode-sofrer-por-politicas-que-nao-consideram-mudanca-populacional/

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